
A criança é responsável pelos próprios atos – II
Tenho aprendido e compreendido o quanto é importante evitar a propensão ao fácil nos filhos, evitando facilitar demais a solução dos pequenos problemas que eles têm, para que eles possam, por si sós, buscar a solução, fortalecendo-se com a superação de suas dificuldades, tornando-se gradativamente responsáveis pelos próprios atos e aprendendo a enfrentar obstáculos.
Esse início de capacitação é um treinamento para o futuro, quando irão precisar contar consigo mesmos, com sua força interna, com os elementos e valores que pais e professores lhes ensinam na infância.
Pensemos: fica mais fácil para quem, quando facilitamos a vida de nossos filhos?! Em um primeiro momento, sem pensar nem refletir, o que costuma passar pela mente da mãe (ou do pai) é: “Eu mesma vou catar esses sapatos jogados pela casa, ou amanhã a funcionária guarda; não vou me desgastar com meus filhos por conta de uma coisa tão pequena”.
Mas, na verdade, quando impeço que meus filhos assumam essas pequenas tarefas e responsabilidades, estou querendo facilitar a minha vida mais do que a deles. Afinal, fazer pequenas tarefas é mais fácil do que educar. Todos sabem qual o nome do pensamento que atua quando eu penso no que é mais fácil para mim, no que é melhor para mim? Chama-se egoísmo. Forte, não? Ninguém quer ser egoísta com os filhos, não é mesmo?
A escola, na primeira infância, oportuniza às crianças o cultivo de responsabilidades próprias dessa fase. Mas é importante que os pais estejam convictos disso!
E por falar em convicção, vocês já pararam para pensar no que essa palavra significa? Qual a importância de se ter convicções? E quando se é pai ou mãe, para que servem essas convicções? Tenho aprendido que as verdadeiras convicções surgem através da experiência e do conhecimento. E os resultados felizes que colho são o que confirmam se estou no caminho certo.
Quando fui colocar meus filhos na escola, eles não tinham nem dois anos de idade. Muitas pessoas me diziam: “Nossa, tadinho, tão novinho e já vai estudar?” Já ouviram isso, não é mesmo? Pois bem, eu e meu marido, ao decidirmos desta forma, refletimos que esta seria a melhor opção para eles, pois nós dois trabalhamos e sentimos que eles estariam bem amparados na escola que escolhemos. Estávamos convictos disso e assim o fizemos, com conhecimento e com muito amor.
Tenho observado, nos primeiros dias de aula, que muitas crianças que se sentem inseguras estão espelhando-se na insegurança de seus pais em relação àquele momento novo. Se os pais não confiam na escola, ou não têm convicção de que ir para a escola é a melhor opção para seus filhos, como podem querer que a adaptação àquele novo ambiente seja tranquila para a criança?
Tenho entendido que o segredo – a chave! – é agir com equilíbrio, alicerçando-se no conhecimento e juntando a necessária dose de amor, pois, segundo a Sabedoria Logosófica, “nada que não seja feito com amor perdura. O amor exige paciência, esforço, perseverança e exige também convicções profundas”.
Rafaela Polo, mãe, e educadora.
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